Estilos de Apego: Como Seu Passado Afetivo Influencia Seus Relacionamentos Hoje

Você já se pegou pensando por que age de determinadas formas nos seus relacionamentos? Por que sente tanto medo de ser rejeitado ou, ao contrário, tem dificuldade em se entregar emocionalmente?

A resposta pode estar na teoria do apego um campo da psicologia que explica como nossos primeiros vínculos na infância moldam nossos comportamentos afetivos ao longo da vida.

Neste artigo, vou te mostrar de forma simples e profunda:

  • O que são os estilos de apego
  • Como se formam
  • Como eles se expressam nos relacionamentos amorosos, amizades e no trabalho
  • E se podemos mudar nosso estilo de apego com o tempo

📚 O que é a Teoria do Apego?

A Teoria do Apego foi desenvolvida por John Bowlby, médico e psicanalista, e ampliada por sua colaboradora Mary Ainsworth. Ela parte da ideia de que os vínculos que estabelecemos com nossos cuidadores (pais, avós, responsáveis) na infância criam uma base emocional que influencia profundamente a maneira como nos relacionamos na vida adulta.

Se na infância aprendemos que podemos confiar no outro, temos mais chances de criar vínculos saudáveis. Mas se essa base foi instável ou ausente, é comum que levemos medos, inseguranças e defesas para os nossos relacionamentos.

A seguir, vamos explorar os 4 principais estilos de apego e como cada um afeta sua vida.

1. Apego Seguro

🔎 O que é?

Pessoas com apego seguro conseguem se vincular emocionalmente sem perder sua individualidade. Elas se sentem confortáveis com a intimidade, mas também com a autonomia.

👶 Como se forma?

Esse estilo surge quando, na infância, os cuidadores foram afetivamente disponíveis, consistentes e acolhedores. A criança aprendeu que pode contar com os adultos e se sente segura para explorar o mundo.

❤️ Na vida amorosa

Confiam no parceiro, se expressam com clareza e respeitam o espaço do outro. Sabem lidar com conflitos de forma madura e não vivem em constante medo de perder o relacionamento.

Exemplo: uma pessoa que se sente à vontade para dizer quando algo incomoda, mas também sabe respeitar o tempo do outro.

💼 No trabalho

Se sentem confiantes, sabem colaborar em equipe, recebem críticas sem se destruir internamente e não precisam provar o tempo todo que são boas o bastante.

🤝 Nas amizades

Mantêm vínculos duradouros, equilibrados, sem dependência nem frieza. Sabem estar presentes, mas sem se anular.

2. Apego Ansioso (ou ambivalente)

🔎 O que é?

É caracterizado por uma necessidade constante de aprovação, medo intenso de abandono e grande dificuldade de lidar com a ausência ou o silêncio do outro.

👶 Como se forma?

Esse apego nasce quando os cuidadores foram inconsistentes ora amorosos, ora frios ou ausentes. A criança cresceu sem saber o que esperar e aprendeu que precisava “lutar” pela atenção e pelo amor.

❤️ Na vida amorosa

São intensos, muitas vezes carentes, idealizam o outro e sentem muito ciúmes. Têm dificuldade de confiar e costumam buscar sinais de rejeição o tempo todo.

Exemplo: uma pessoa que se desespera se o outro demora para responder, e cria narrativas negativas na cabeça (“ele não gosta mais de mim”).

💼 No trabalho

Precisam de reconhecimento constante. São dedicadas, mas inseguras. Sofrem com críticas e vivem se comparando com colegas.

🤝 Nas amizades

Se sentem esquecidas se o outro não chama. Se o amigo demora a responder ou se afasta, interpretam como rejeição.

3. Apego Evitativo

🔎 O que é?

Essas pessoas se protegem do envolvimento emocional. Acham que não podem depender de ninguém e têm dificuldade em se entregar ou mostrar vulnerabilidade.

👶 Como se forma?

Costuma se desenvolver em contextos onde os cuidadores eram emocionalmente indisponíveis. A criança aprendeu que expressar sentimentos não era seguro então, se fechou.

❤️ Na vida amorosa

Fogem da intimidade. Se envolvem até certo ponto e depois se afastam. Têm dificuldade em lidar com emoções e muitas vezes usam o silêncio como forma de controle.

Exemplo: alguém que começa a se apaixonar, mas se retrai quando o vínculo fica mais sério “acho que tô perdendo minha liberdade”.

💼 No trabalho

São autossuficientes, evitam pedir ajuda e não gostam de depender de ninguém. Podem parecer frias, mas na verdade têm medo da vulnerabilidade.

🤝 Nas amizades

Não se abrem facilmente. Demonstram carinho com atitudes práticas, mas raramente falam sobre o que sentem.

4. Apego Desorganizado

🔎 O que é?

É o estilo mais instável. A pessoa deseja se aproximar, mas ao mesmo tempo teme a intimidade. Costuma ter relacionamentos caóticos, com idas e vindas.

👶 Como se forma?

Acontece geralmente em contextos de traumas, abusos ou negligência severa. O cuidador era, ao mesmo tempo, fonte de amor e de medo. Isso gera uma confusão interna profunda.

❤️ Na vida amorosa

Oscilam entre a dependência extrema e a rejeição. Idealizam e desvalorizam o parceiro. Vivem crises intensas, têm reações impulsivas e medo de abandono muito forte.

Exemplo: uma pessoa que implora pra não ser deixada, mas no outro dia diz que não quer mais ver o parceiro.

💼 No trabalho

Oscilam entre a procrastinação e a hiperprodutividade. Têm dificuldade de manter foco e sofrem com ambientes instáveis ou com cobrança.

🤝 Nas amizades

Têm medo de confiar, mas também não querem ficar sozinhas. Podem criar vínculos intensos e depois romper de forma abrupta.

🛡️ Podemos mudar nosso estilo de apego?

Sim! Embora nossos estilos de apego sejam moldados na infância, eles não são sentenças definitivas. Através do autoconhecimento, da terapia e de relações mais seguras, é possível desenvolver um apego mais saudável.

E mais: uma pessoa ansiosa, por exemplo, pode se comportar de forma evitativa como defesa. Isso acontece quando, por medo de sofrer, ela tenta “parecer forte” e se fecha para o vínculo mesmo desejando intimidade.

Conclusão

Conhecer seu estilo de apego é um passo poderoso para transformar sua forma de amar, de se relacionar e de se colocar no mundo. Não se trata de colocar rótulos, mas de entender suas dores emocionais com mais compaixão.

Todos temos feridas, mas também temos caminhos de cura. E o primeiro passo é esse: olhar pra si com verdade, com coragem e com carinho.

Se você sente que carrega medos, inseguranças ou padrões que se repetem nos seus relacionamentos, talvez seja hora de cuidar disso. E você não precisa fazer isso sozinho.

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Felipe Santos

Felipe Santos

Desde cedo, sempre fui fascinado pela mente humana e suas complexidades. Minha jornada na Psicologia começou após enfrentar crises de ansiedade e descobrir, na terapia, uma transformação profunda. Me especializei em Psicanálise, Hipnoterapia e Psicologia Corporal Reichiana para ajudar pessoas a superarem desafios emocionais, fortalecerem seus relacionamentos e reconstruírem sua confiança. Hoje, uno conhecimento técnico e vivências pessoais para oferecer um acompanhamento humano e transformador.

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